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terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Então.. É natal...


24 de dezembro de 2012.



     Natal. Gingerbread, pinheiros, neve, candy cane, Santa Claus e mistletoes. Meu primeiro natal longe de casa. Não fossem as irritantes musiquinhas que ando ouvindo todos os dias há um mês eu nem perceberia que o natal chegou! Porque natal sem farofa, arroz com passas (jantar de fim de ano sem ter que separar as passas do arroz não tem graça), chamonix da vovó, amigo oculto e a ansiedade para ver os presentes que estão embaixo da árvore não tem a menor cara de natal. Me disseram que seria uma das partes mais difícieis de se morar fora, aconselharam-me a não ver a família no skype na hora da ceia porque bateria uma deprê. Bom, nem se eu quisesse eu conseguiria, a diferença de fuso faz com que o natal aqui comece quando o do Brasil acabou. Hoje acordei e senti como se fosse um dia como qualquer outro, fui trabalhar e minha única preocupação era chegar em casa para preparar um salpicão para o jantar de mais tarde. Continuei tocando meu dia como um outro qualquer, e foi quando comecei a receber algumas mensagens de pessoas realmente queridas. A partir daí já não era um dia comum, meu coraçãozinho ficou na mão e eu me dei conta de quão importante é essa data.

      Eu não sou religiosa, mas agradeço muito à Deus por esse dia, acho que todos precisam de um dia no ano para passar com os mais queridos e  consequentemente se sentir querido também. Acho que esse é o clima no natal, cheio de amor! ;) Facebook cheio de fotos de famílias e ceias fartas. Passei o meu natal na casa de uns amigos da minha roommate, todos na mesma situação que a gente, ninguém era daqui. Chegamos o mais próximo que conseguimos do natal, com peru, jogo para trocar presentes, abraços de merry christmas (ou no caso Feliz Navidad porque era todo mundo latino) e musiquinhas para embalar. Não, eu não tive um natal como estou acostumada, mas senti um carinho imenso e lembrei de todo mundo que amo. Definitivamente é uma das partes mais difíceis de um intercâmbio, mas cheio de aprendizado como todos os dias! Até porque é uma delícia, mesmo de longe se sentir amada e querida! Então, é natal, e a todos aqueles que moram no meu coração e também os que estão na mesma situação que eu: aproveitem para ver o natal muito além do Papai Noel, e sim do amor em  toda a sua essência. J Feliz Natal, Merry Christmas (e agora Feliz Navidad también.. jajajaja) 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

De mãos dadas com a vida - What about life meaning?!


     Eu sempre tive um problema com horários (assim como metade da população brasileira tem! Hahaha). Estar atrasada para as coisas já é rotina, e agora é ainda pior. Além de estar em um país que não admite atrasos, eu tenho que administrar essa minha tendência com o horário do ônibus, que eu acabo sempre perdendo! LEntão, para evitar problemas futuros, eu decidi que daqui em diante vou chegar no trabaho meia hora antes. Bom, 30 minutos de nada pra fazer no local de trabalho parece meio torturante, por isso eu resolvi comprar um livro pra ler antes de cada turno.  Odeio sinopses, tanto de filme quanto de livros, acho que acabam por estragar o mistério. Logo, eu só descubro do que se trata quando começo a ler. Meu novo livro já começou mal. Eu o escolhi pelo autor, já li alguns livros dele e adorei, mas logo na primeira página pude perceber que se tratava de um livro triste. Trata-se de um cara já nos seus setenta e poucos, que descobre que tem uma doença fatal e começa a pensar no sentido da vida. Não que eu não goste de ler sobre o sentindo da vida, esse tipo de livro geralmente é profundo e nos leva a pensar. Mas não é exatamente o que eu estava planejando pensar por agora. A primeira coisa que me veio na cabeça foi ‘que péssimo ‘timing’ para esse livro!’.  O problema é que eu me impression muito fácil com as coisas. Se leio uma história de amor fico com vontade de me apaixonar, comédias me fazem querer sair pra me divertir e histórias de câncer me deixam apavorada, com medo de ficar doente ou ter alguém com câncer na família. Então, eu não queria começar a pensar sobre a morte na época em que me sinto mais viva do que nunca!

     Eu estava sentada, tomando um café e lendo meu livro quando um senhor veio falar comigo, como se nem percebesse que eu estava lendo alguma coisa ali. Ele veio com um sorriso aberto e falou ‘A melhor coisa de estar no fundo do poço é que não se tem pra onde ir senão pra cima!’. Continuou falando sobre estar triste ou coisas do tipo, quando de repente parou, olhou pra mim e disse ‘bom, você não parece alguém que esteja deprimida.’( Acertou em cheio senhor, estou longe da depressão.) Apenas meneei a cabeça e ele me falou que era o sortudo da família. ‘Meu pai era fumante e morreu de cancer no pulmão, eu não fumo. Minha mãe era alcóolatra e acabou com cirrose, ainda bem que eu não bebo. Meu irmão morreu num acidente de carro, o que nunca vai acontecer comigo porque eu não dirijo. Então ele me disse que era o mais ‘em forma’ da família, listou e descreveu todos eles (os que ainda estão vivos). Me mostrou sua bicicleta e todos os aparatos de proteção que tinha para pedalar (incluindo o capacete mais hi-tech que eu já vi, colete que brilha, lanterna dianteira, traseira, rasteira e o que mais existia no mundo em termos de segurança). Foi aí que ele percebeu que eu era uma estrangeira e tinha uma expressão de ‘Não tô entendendo nada do que vc tá falando’ e decidiu ir embora. Vestiu o melhor sorriso, me desejou toda a sorte do mundo e foi embora.

      Meu inglês não é tão bom, por isso não entendi absolutamente tudo o que ele falou. Porém pude lê-lo claramente e tirar uma grande lição de tudo isso. Eu percebi que esse homem amava a vida, o que o fez ter muito medo da morte. Contudo, esse medo o levou à depressão e a vida não é tão boa para os deprimidos. Então, qual é a razão para se proteger da morte?! Viver pela metade não basta, pois sempre terá algo para se arrepender, algo que você gostaria de ter usufruído mais para a vida ter valido a pena. A verdade é que a morte é inevitável e está em qualquer lugar. É tolice tentar se proteger dela. O que podemos fazer é dar o máximo para termos uma vida agradável. Evitar cigarros para não ter câncer de pulmão é válido, não porque o câncer pode te matar, mas porque a vida torna-se muito dolorosa e não vale a pena os maços que foram consumidos. Não beber em excesso para não se tornar um alcóolotra, pois não há nada pior do que viver dependente de algo químico. Não dirigir é uma opção, não para evitar acidentes, mas para ser mais saudável. Afinal de contas, acidentes podem acontecer com carros, bicicletas ou até mesmo em casa (o lugar que geralmente consideramos o mais seguro no mundo). Sim, eu comecei a ler um livro sobre a morte, e nunca havia dado tão pouca atenção à ela como agora. A vida também é um ponto de vista, e é tudo o que tenho. Portanto,  no que depender de mim, farei com que seja sempre a melhor possível! J




     I’ve always had a problem with timing (just like most of Brazilians do). Being late for things is certainly a routine for me, and now is even worse because I have to manage the bus schedule with mine. To avoid getting in trouble I decided to go to work half hour earlier from now on, and to spend that time before my shift I just bought a book. I hate reading synopses, either of books or movies; they ruin the mystery of it. So, I only find out what the content is when I start to read it. My new book started in a bad way; I’ve chosen it because I already knew the author and loved his books. But I could see already in the first page that it was a sad book. As cliché as it could be, it is about an old man that discovers a bad disease and start to appreciate life. Not that I don’t like stories about life meaning, they are usually deep and make you think about it, but it’s not what I was expecting for now. My first thought was ‘What a bad time for this kind of book’. The thing is that I get easily impressed with everything. If I read love stories I feel like falling in love, comedies make me want to have fun, cancer stories let me worried about being sick, or even worse, have someone sick in the family. So, I didn’t want to start to think about death at this moment of my life, that I feel more alive than ever.

     I was sitting by myself drinking my coffee and just starting to read the book when an old guy started to talk to me; as if he didn’t care I was reading something. He came with a happy expression in his face and said “the best thing about being at the bottom is there’s nowhere to go, but up!” and kept talking about being sad or something like this when he suddenly stopped, looked at me and said ‘well, you don’t look like someone who is depressed’. You’re damn right Sir, I’m not depressed at all. He told me that he is the lucky one on his family “my father was a smoker and died with lungs cancer, I don’t smoke. My mom was an alcoholic and died with cirrhosis, thank God I don’t drink. My brother died in a car accident, and will never happen to me, because I don’t drive.” Then he just told me that he was the one in best shape on his family, made a list of everybody and described them all! Showed me his bicycle and every protection he had for riding, and when he realized that I was a foreign and had a ‘what-are-you-talking-about?’ expression on my face he decided to leave. Dressed his best smile, wished me the best luck in life and left.

      My English is not that good, so I couldn’t understand everything he said, but I could clearly get his point and it was a good lesson for me. I realized that this guy loved life, which made him so afraid of dying, but this fear made him depressed and life is not that good for depressed people. So what’s the point protecting ourselves from death?! Half living is not enough, there will be always something for you to regret, something you wish you have lived to make dying worth it. The thing is death is everywhere, nobody can avoid it, and it’s pointless to try to scape anyhow. What we could do is just make sure we have a pleasant life. Avoid cigarettes for not having lungs cancer, I agree, but not because you can die of cancer, but because it’s too painful and isn’t worth it. Not drinking for not become an alcoholic, sure, that is nothing worse than depending on some chemical. Not driving is an option, not only to avoid accidents, but for being healthy. By the way, accidents can happen anyway, either in your car, on bicycle or at home (what we usually think is about the safest place in the world). Yes, I started to read a book about death and I couldn’t care less.  Life is also a point of view, and it’s all that I have, so I’ll make sure it’s always the best. J




terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Em cima do muro


        
     Nunca me decidi se acredito em horóscopo ou não, assim como ainda não estou certa sobre minha religião e não tenho tanta certeza de qual é a minha exata profissão... Acho que se pedissem para que eu me descrevesse em uma palavra eu seria a ‘indecisão’ em pessoa! (Isso se eu conseguisse decidir uma palavra para me descrever né?!) Acontece que essa indecisão, que me impulsiona a fazer tudo, é a mesma que me segura para trás e me faz largar as coisas no meio do caminho (assim como esse post, que eu comecei há duas semanas atrás e não consegui terminar...)

      Esses dias eu li um post num blog que eu achei super interessante. Segundo Natalia Klein, dona do blog Adorável Psicose, nós sofremos da ‘síndrome do parque de diversões’. Trata-se de uma analogia interessantíssima que ela faz da vida com um parque de diversões, em que as pessoas estão em um brinquedo mas não tiram o olho do próximo. Me indentifiquei demais. Não que eu não esteja curtindo a minha montanha russa, pois se duvidar entraria na fila para ela várias vezes. Ela certamente é um dos brinquedos mais populares, com graaandes descidas e até loopings em que você fica de cabeça para baixo. Dá um medo danado, mas você não se importa porque o friozinho na barriga antes de cada volta é o que te impulsiona. Mas não consigo deixar de pensar no tanto de coisas que o parque me oferece depois daqui. Quem sabe uma roda-gigante, bem suave, um barco fantasma, um elevador que cai... São muitas opções.

     A verdade é que eu nunca fui tão feliz como nesses últimos quatro meses da minha vida (frase bem comum em cartões de aniversários de namoro... hahaha, embora no meu caso, o namorado seja inexistente). Aliás, poderia fazer um cartão para mim mesma: ‘Fernanda, obrigada pelos últimos meses que passamos juntas, você é incrível, nunca ninguém me fez tão feliz como você me faz. Mesmo com suas loucuras e indecisões diárias você é uma ótima companhia!’. Nunca passei  tanto tempo sozinha como passo aqui. Minha vida inteira eu estava à procura de companhia para fazer o que quer que fosse, e quase sempre tive essa companhia. Não reclamo. E o pior é que, muitas vezes, se não tivesse companhia, eu simplesmente não fazia.  Desde que embarquei nessa jornada alguma coisa mudou em mim. Acho que eu me conheci, e descobri que, afinal de contas, eu não sou de todo má. Nunca imaginei que fosse não só curtir fazer as coisas sozinha, como muitas vezes preferir estar só. Não que eu tenha virado anti-social. Muito pelo contrário, deixei de ser bicho do mato e aprendi que qualquer lugar é um potencial para se fazer amizade. Já fiz bons amigos em bares (quem não faz?), McDonald’s, skytrains e elevadores. Toda esquina é propícia para se conhecer alguém, basta sair da toca.

     Acontece que, mesmo curtindo muito essa minha vida na montanha-russa, eu não consigo evitar de pensar no que vem pela frente. Ainda é cedo, eu sei, principalmente para a minha cabeça, que muda a cada segundo. Mas todo dia quando estou voltando do trabalho, especialmente quando olho para essa vista , algo me instiga a pensar no ‘e depois?’. Eu me sinto com o mundo aos meus pés. Tenho idéias malucas como ir pra Montréal aprender francês, ou talvez Argentina estudar espanhol, como também lembro de casa e de um futuro mais certo. O que me deixa louca é que eu não tenho nada que me segure em lugar nenhum. Não tenho previsões, não tenho expectativas, estou numa ponte, mas não sei pra onde. Às vezes a sensação que tenho é a de que estou tirando umas férias de minha própria vida. Também penso que isso aqui não é vida real, não pode ser. E o irônico disso tudo é que eu nunca passei tanto perrengue como estou passando aqui. Nunca fiquei tanto tempo em um hospital (e sozinha!), nunca estive tão sem dinheiro, nunca passei tanto frio... Mas também nunca tive tanta alegria de VIVER. Aqui eu tenho o meu cantinho, eu compro a minha comida, eu vivo a MINHA vida e isso não tem preço.

      Enfim, enquanto o verão não chega o melhor é aproveitar as voltas que me restam nessa  montanha russa e me preparar para os próximos brinquedos. Antes que a alta temporada  chegue e traga com ela muitos turistas para disputar o meu parque de diversões... Carpe Diem! 

domingo, 4 de novembro de 2012

1/4 de vida





4 de novembro de 2012.


    Há exatos 3 meses eu desembarquei nesse país e comecei uma aventura aqui. De início fiquei deslumbrada, a cidade é linda, as pessoas MUITO educadas e tudo funciona perfeitamente. Agora, depois de um pouco mais de convívio, eu acabei mudando um pouco minha cabeça. Não estou mais tão estarrecida, diria que me apaixonei por isso aqui! Muitos me disseram que eu iria me entediar, perceber os defeitos, ou coisas do tipo, mas, mesmo com a mudança no clima e a chegada da rotina eu continuo em lua-de-mel com Vancouver.

    No começo de Outbubro o clima virou completamente! Literalmente do dia pra noite a temperatura caiu de 22°C para 13°C e nunca mais parou de cair. Junto com o frio chegou a chuva, e eu descobri que não estava nem um pouco preparada para isso. Todo mundo sabe que eu venho de uma cidade que só chove umas 2 semanas por ano! Hahaha Sem contar que o maior frio que passamos é nas festas juninas, e digamos que chega a uns 15°C e já congelamos! Então, tive que sair às pressas para comprar roupas de frio e waterproof para não virar picolé! Meu orçamento se foi pela metade! Os primeiros dias desse clima foram beem complicados! Dor de cabeça, ouvido, e mau-humor por uma semana. Minha roomate um dia me falou ‘ei, vc sabe cadê a minha roomie? Pq não foi essa que eu chamei pra morar comigo!’. Sim, o frio, ou melhor, a chuva conseguiu ME deixar de mau-humor. Maaaas, graças a Deus o ser humano se adapta a tudo! O guarda-chuva virou um acessório de moda, quero comprar um de cada cor! É uma gracinha todo mundo na rua andando com sua umbrella... Não saio mais sem minhas galochas e nunca imaginei que fosse usar um casaco de couro com tanta frequencia como agora. Criei um carinho pelo tempo frio (pela chuva ainda não, por enquanto eu só suporto, e olhe lá! Kkkkkk) e já não congelo mais quando saio na rua aos 5°C. Mas como todos me dizem por aqui, isso é só o início, espere só para ver como vai ser o inverno!

    Poderia passar mais 3h falando do clima (que é um dos tópicos favoritos dos canadenses.. ¬¬), mas acho que vocês não estão tão interessados e eu tenho muito mais coisas para contar.. Estive meio ausente do meu blog, mas foi por um motivo bem nobre, meu novo emprego! Eba, consegui um emprego!! Como disse, meu orçamento se foi pela metade comprando roupas de frio e eu não estava esperando por esse furo, então começou a bater um desespero. Fui numa entrevista de emprego em uma espécie de supermercado gourmet (www.urbanfare.com) e acabei sendo contratada. A princípio era para ser um emprego part-time, em que eu trabalharia apenas 3 vezes por semana. Mas eu acho que eles gostaram de mim, porque estou trabalhando bem o drobro de todo mundo que foi contratado junto comigo. Esse emprego não é o dos meus sonhos, ganho o mínimo e é longe da minha casa. Porém, vamos pegar o lado bom das coisas né?! O interessante de lá é que eu sou uma das únicas que não é canadense, o que está sendo ótimo para o meu inglês e para o meu social, é claro. Outra coisa legal é que eu realmente acho que eles foram com a minha cara, porque eu fui a única que foi treinada em três áreas diferentes, então acabei aprendendo muito mais! Eu trabalho no restaurante, no caixa e na ‘deli’, que é onde tem todos os tipos possíveis e imagináveis de presunto, salame, bacon e afins.... Não é um trabalho difícil e nem muito ativo, mas tem uma parte que é bem interessante para mim: todo dia temos que fazer amostras dos nossos produtos para os clientes, e para tal podemos fazer o que quisermos! Podemos usar QUALQUER produto do mercado e usar quantos ingredientes quisermos. Imagina se eu não fico que nem pinto no lixo, olhando praquelas prateleiras, cheias de coisas sofisticadas, coisas que não existem no Brasil, e com carta branca pra fazer qualquer experiência gastronômica que eu quiser? AMEI!  Outro dia fiz uns nachos de chocolate que foram um sucesso, no final do turno todo mundo tava me perguntando a receita e quando eu cheguei no dia seguinte alguém tinha feito como amostra de novo! Aliás, essa semana estamos fazendo uma semana do chocolate lá, e fizemos até bacon coberto com chocolate (sim, as duas melhores coisas do mundo no mesmo palito, é BOM!)

    Bom, o trabalho preenche metade do meu dia e é culpado por metade do meu cansaço, mas a grande culpa na verdade é da escola. Aí que mora a minha maior frustração! Sim, eu vim pra cá mais no intuito de viver do que de qualquer outra coisa. Se eu não precisasse fazer um curso para poder ter o visto de trabalho eu não faria. Sinceramente, eu aprendo mais inglês no trabalho do que na escola. Todo dia é uma tortura acordar cedo para ir pra aula para chegar lá e ser a única que participa na turma da manhã e de tarde ter aulas bobas que só servem pra encher linguiça. A sensação que eu tenho é que estou perdendo o meu tempo! Eu escolhi uma escola com menos brasileiros, justamente porque queria fugir deles! Hahahaha Eu vim para outro país para falar outra língua e conhecer outra cultura né?! Mas acabei percebendo que é muito complicado! O pessoal da escola é difícil, não sei nem achar uma palavra para classificá-los. Eu não quero ser preconceituosa, mas é MUITO difícil de conviver com certas culturas. Eu sou muito aberta, converso com eles durante as aulas, mas não sai disso, não vira amizade, é simplesmente complicado. Talvez o choque cultural seja muito grande.
    Me restam meus queridos amigos brasileiros, que são pau pra toda obra e minha roomate. Minha relação com ela é ótima, apesar da nossa rotina quase que oposta nós temos tempo de conversar todos os dias. Vamos juntas à academia, shopping, e ficamos vendo filme até tarde quando dá! Sem contar que estou aprendendo bastante sobre a cultura peruano, afiando o meu espanhol e treinando meu inglês também! Nos divertimos muito juntas e isso ajuda também a amenizar um pouco a saudade de casa. Minha casinha aqui eu já até posso chamar de lar (um lar CARO, mas um lar... hahahahah) Estou com saudades do Brasil, mas por Brasil leia-se ‘família, amigos, farofa e brigadeiro’, por enquanto mais nada me faz falta, to in love com esse lugar e minha vontade era trazer todo mundo pra cá! Quem sabe um dia eu não consigo?! 

Ps.: eu não sei pq tá essa cor de fundo do texto e eu não consigo mudar e tenho q sair pro trabalho, sorry... ;///

sábado, 6 de outubro de 2012

Contos de fatos - Cada esquina um Homeless


    Há quem diga que a vida de homeless por aqui não é assim tão ruim. Eles recebem apoio do governo, como abrigo, comida, roupas, academia (tem até aula de yoga) e até DINHEIRO. Além, é claro, do sistema de saúde daqui que todo mundo já sabe que é ótimo, seja pra quem for... Ah, e eles também podem andar de ônibus de graça, pra onde bem entenderem... Não é à toa que Vancouver é a cidade com mais homeless por m² da América do Norte. É, literalmente, um homeless por esquina. Mas se eles tem todo esse apoio porque eles ficam nas ruas? Essa história me intrigou desde que eu cheguei aqui e depois de dois meses os observando eu percebi algumas coisas...

    Não tem idade e nem tipo físico para morar na rua, mas em contraste com os do Brasil, você simplesmente não vê criança de rua, NENHUMA! A maioria é jovem ou de meia idade, e chega a ser irritante porque você vê que são pessoas que são capazes de trabalhar, simplesmente não querem. Também um pouco diferente do Brasil, eles pedem sim dinheiro, mas geralmente ficam na deles, com plaquinhas de pedidos, ou só perguntam se você tem um trocado. Jamais perguntam para os carros na rua, e eles te deixam em paz, não te fazem sentir mal por não ajudar. Algumas coisas me chamaram mais atenção: muitos tem cachorros (descobri que eles ganham um pouco a mais se tiverem cachorro, hahaha como uma bolsa família para o dog!), e fiquei impressionada com o número de cadeirantes ou que usam muleta ou coisa do tipo...

    Como ainda não tenho mesa na minha casa, eu adoro almoçar na janela do meu quarto observando o movimento na rua. Hoje vi uma briga entre dois homeless, um na cadeira de rodas e outro com uma muleta... Eles gritavam e discutiam sobre alguma coisa que parecia importante, provavelmente um roubou o ‘ponto’ do outro... Brigas de homeless são até comuns por aqui... Mas essa me chamou a atenção porque os caras estavam realmente irritados e gritando demais... De repente, o que estava com a muleta a tirou do chão e apontou na cara do cadeirante. Já pensei logo ‘poxa, golpe baixo!’ Só que o da cadeira de rodas simplesmente levantou e arrancou a muleta da mão do outro. Na hora entendi o porquê de tantos ‘deficientes’ de rua. O acesso a uma cadeira de rodas ou a muletas é muito fácil e isso deve ajudar bastante no orçamento deles, apelando para a piedade do povo, é isso aí! Hahaha

    Engraçado é que no Brasil você anda na rua com um pouco de medo que alguém apareça pra te assaltar e geralmente se incomoda um pouco quando passa por algum morador de rua. Aqui é tão comum e eles são tão na deles que você acaba por não se importar. O problema é que junto aos homeless tem os drogados. A história dos drogados é ainda mais interessante. Eles tem também abrigos e todos os auxílios que os homeless tem. Mas eles têm um lugarzinho em uma das ruas bem no centro daqui (que são +- 8 quarteirões) onde eles têm toda a liberdade para usar as drogas deles. Existem até clínicas que dão a droga e os ajudam a injetar (o argumento do gorveno é que com isso eles previnem doenças por reutilização de agulha ou más condições de uso e aplicação da droga.. Oo) Eles ficam sim na rua, e às vezes dá medo quando cruza com um deles. Mas eles não podem fazer nada com ninguém. Se algum drogado mexe com alguém passando na rua, ou é violento, ele perde todo o direito e suporte do governo. Justamente por isso eles tem um senso de comunidade muito grande. Quando um está mais agitado os outros o levam para longe da rua.

    Eu já cruzei com alguns na rua que me deixaram com histórias para contar. Primeiro foi uma velhinha muito doida que me parou e começou a falar comigo alguma coisa que não entendi. Nessas horas eu sempre uso a tática do ‘yo no hablo inglês’ hahaha Como não fiz o que ela queria, e eu nem sabia o que era, ela praguejou alguma coisa e foi embora. No dia seguinte eu encontro a MESMA velhinha, só que em outro bairro. Ela vem na minha direção e diz que lembra de mim do outro dia, me manda ir para aquele lugar e vai embora. E eu juro que até hoje eu não sei o que eu fiz para aquela velhinha me odiar tanto.

    Teve uma outra que me deixou apavorada. Era de madrugada e eu estava esperando o ônibus para voltar do trabalho pra casa. Eu estava no celular e mesmo assim uma mulher veio falar comigo! Ela estava com a pupila beeeem pequenininha e os olhos super arregalados, chegou bem pertinho de mim e olhou no fundo dos meus olhos. Como eu estava no telefone fiquei tentando dar voltas, mas ela me perseguia e sempre olhava no fundo dos meus olhos. Começou a falar que a mãe dela tinha morrido e ela precisava de 20 dólares para dormir num hostel. Eu falei que não tinha e não entendia inglês, grande erro! Ela começou a falar e fazer gestos para me fazer entender... Cada vez chegava mais perto e olhava mais fundo nos meus olhos. Me deu até um calafrio ruim, credo! Até que, graaaças a Deus, meu ônibus chegou. Eu corri pra dentro e nunca mais vi essa mulher na minha vida. Pegar ônibus naquela parada é a única coisa que me dá medo na noite daqui. Fora isso é tranquilo...

    Antes de vir pra cá eu assisti um documentário muito interessante e indico para todo mundo. Por coincidência, ontem eu vi o cara do documentário na rua e fiquei doida pra falar com ele. Demorei um pouco e acabei falando em português, ele não sacou que era com ele! Hahahaha Enfim, o documentário está em inglês, não achei com legendas. Super recomendo para quem, como eu, ficou intrigado com a história dos homeless daqui. Chama-se Streets of Plenty e é só clicar no nome aí que ele passa online mesmo! Volto depois com mais histórias! J







segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Contos de fatos - Vancouver, cidade cenário


    Sempre fui observadora  e curiosa, desde pequena.. Minha mãe costuma contar que eu era uma criança que encarava todo mundo, deixando ela até envergonhada... É claro que quando eu cheguei aqui em Vancouver, com tanta coisa diferente, misturas de culturas e gente de todos os tipos, essa característica se acentuou (não, eu não encaro as pessoas por aqui, aprendi a disfarçar, eu acho! Hahaha).

    Vi tanta coisa diferente que de repente só ver não era mais suficiente... Resolvi então fotografar e criar o projeto Anonymous Vancouver. A proposta era colocar uma foto por dia das pessoas diferentes (ou nem tanto..) que eu via nas ruas por aqui. Não consegui fazer com que fosse diário porque tirar fotos de pessoas sem prévia autorização não é tão simples (cheguei a levar um esculacho de uma mulher que achou que eu tava tirando foto dela). Mas por trás das fotos sempre tem uma história. Comecei então a escrever sobre as fotos, e de repente tirar fotos começou a ser mais complicado ainda. Aqui ando a pé a maior parte do tempo, o que é muito bom para observar as coisas. Por outro lado, minha câmera não é das mais leves, então nem sempre tenho a oportunidade de fotografar tudo o que queria. Ainda bem que sempre gostei de escrever desde pequena também! Assim guardo os momentos que não consegui registrar em foto...

    A minha idéia agora é começar um pequeno projeto de relatos (fotográficos ou não) de casos ou coisas que vejo pelas ruas de Vancouver... Tenho muita dificuldade em manter um compromisso, então não vou me comprometer a postar toda semana, ou todo mês... Simplesmente estou criando uma coluna de pequenos contos, e colocarei aqui a medida com que forem acontecendo...

    Vou começar então falando um pouco dessa cidade cenário. Outro dia estava voltando pra casa de madrugada quando me deparei com uma rua em estado de caos... Alguns carros destruídos, um monte de coisa no chão, não entendi nada, parecia um cenário de guerra no meio de uma cidade tão pacata... Foi quando olhei um pouco melhor e vi dois caras lutando com uma espécie de espada! Oo Entendi melhor o que tava acontecendo quando vi mais um monte de câmeras em volta... Era uma cena do filme 3D do Metallica (que por sinal eu fui no show de gravação! ;D)

    Antes de vir pra cá eu andei procurando alguns filmes e seriados que foram filmados aqui, aquela coisa de curiosidade, tudo que era relacionado a Vancouver eu tava assistindo... Mas é claro que olhando na telinha você nunca tem noção do que realmente é. Até que ontem fui comprar verduras e não pude entrar no mercadinho porque estavam gravando uma cena de Fringe na frente! Fico me perguntando que dia que eu vou abrir a janela e o Gael Garcia ou Brad Pitt vão estar fazendo um filme embaixo do meu prédio! Hehehe

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Morando BEM 'na gringa'


    Dizem que a primeira impressão é a que fica... Mentira! Se a primeira impressão que tive do Canadá (leia-se: da minha primeira casa no Canadá) fosse a que permanecesse eu já estava no Brasil de volta há muito tempo! Para a minha sorte a família conseguiu reverter a imagem da casa para mim! Naquele dia eu estava decidida a ir embora, bati o pé com a empresa para arranjarem uma casa para mim o mais rápido possível, mas no final do meu primeiro dia eu já tinha criado um carinho tão grande pela família que parecia compensar ficar lá! Eu mal tinha chegado e eles já me levaram para uma festa de família, no dia seguinte me levaram para almoçar num restaurante delicioso! É isso aí, digamos que é fácil me ganhar pela barriga! Descobri uma coisa muito importante sobre mim, eu posso morar em qualquer lugar, desde que a comida seja boa!!! Hahaha As coisas foram ficando menos feias do que pareciam, as russas só ficariam mais uma semana, então logo teria o banheiro só para mim e a escola me devolveria o dinheiro, que era uma quantia considerável. Sem contar que além da casa e da comida eu tinha também minha roupinha lavada (e dobradinha) toda quarta-feira! Easy! ;]

    Mas o tempo foi passando e eu fui percebendo outras coisas além do (des)conforto da casa. Fui fazendo amizades e morar longe do centro começou a ser um problema. Todo dia tinha que acordar muito cedo e carregar uma mochila enorme porque passaria o dia na rua. Levando em consideração que da minha homestay para Downtown (centro) levava de 30 a 60 minutos, dependendo do horário do ônibus, além de cansar eu comecei a gastar muito dinheiro para comer na rua. Sem falar no fim de semana, em que eu tinha que sair na melhor parte da “balada” porque o último skytrain saia 1am. Decidi procurar apartamento mais cedo do que estava planejando! Na minha segunda semana de Vancouver eu já tava vendo uma kitinete velhinha para dividir com mais 3 pessoas e achando o máximo porque tava barata.

    Vou dizer que achar um apartamento foi uma das partes mais difíceis por aqui! O caminho mais fácil é o ‘Craigslist’, oitava maravilha tecnológica do mundo moderno. O Craigslist é uma espécie de classificados virtual em que você pode anunciar desde meia furada até apartamento ou vaga de emprego. No começo eu ficava um pouco receosa, porque qualquer pessoa pode anunciar qualquer coisa, mas depois eu vi que aqui todo mundo usa, a maioria é confiável! Hehehe Todo dia mais de 15 apartamentos apareciam na lista, e eu tinha que selecionar e entrar em contato com uns 10 para que pelo menos 3 me respondessem, fiquei craque em marcar visitas e pechinchar aluguel.

     Como vou passar um ano, não queria morar em qualquer lugar ou correr o risco de dividir com pessoas que fossem passar só um tempinho e depois me abandonar com o aluguel inteiro na mão. Juro que não me importo de dividir apto, ou até mesmo quarto com alguém, mas morando há apenas duas semanas eu não tinha conhecido ninguém que fosse ficar tanto tempo quanto eu e muito menos tinha feito uma amizade interessante para dividir um quarto comigo. No começo eu tinha a ilusão de que conseguiria morar sozinha, até eu descobrir quanto isso custava. Com o tempo fui vendo que o apartamento seria o de menos, o importante era morar no centro. Depender de ônibus, por melhor que seja o transporte público aqui, sempre vai ser chato!

    Foi aí que eu conheci a Jú, nos conhecemos por um amigo e justamente no intuito de dividirmos apartamento... Vimos apartamentos grandes, que teríamos que catar umas pessoas na rua para dividir com a gente. Vimos outros lindos, mas muito pequenos ou muito caros para dividirmos entre nós duas. Depois de duas semanas procurando já estávamos exaustas, meu tempo de homestay estava se esgotando, então resolvi estender por mais 2 semanas. Nosso desespero começou a crescer e chegamos até a ver uns hotéis aqui com banheiros compartilhados e uma cama menor que de casal, mas que o aluguel cabia no bolso, para nossa sorte não tinha mais vagas! Hahaha Também nos deparamos com umas figuras que anunciavam o apartamento e se diziam missionários que estavam na África, que assim que fizéssemos o depósito do primeiro mês de aluguel e o ‘damage deposit’ (é uma espécie de cheque caução, em que você paga metade do aluguel em uma parcela só e quando você libera o apartamento eles te devolvem o dinheiro), eles mandariam a chave, que estava com eles na África. Acho muito engraçado porque já conheci gente que caiu nesse golpe! Depois dizem que brasileiro é que é espertinho e caloteiro né?!

    O problema é que quando comecei a trabalhar fiquei totalmente sem tempo para qualquer coisa, principalmente para ver apartamentos. Mas o caminho de volta pra casa e a demora pra chegar no centro foram começando a ficar insuportáveis. Meu período, já estendido, na homestay acabava no sábado e eu não tinha nada em vista. Resolvi que ia para a residência estudantil (que tinha um cheiro pior do que minha casa, o quarto era compartilhado, mas pelo menos era no centro!!), mas eles só tinham vaga para uma semana! Depois de uma semana, se eu não achasse nada seria considerada oficialmente homeless, o que não é tão mal, dado aos benefícios que o homeless tem por aqui (joking, eu vou falar sobre eles em algum post). Resolvi apelar para uma sessão do craigslist que eu realmente não queria, que era em que estavam alugando apenas o quarto, em casas que já moravam outras pessoas e que eu não tinha idéia. Me chamou atenção o anúncio de uma menina que dizia ter 20 anos e morar sozinha na sala da casa, estava então alugando o quarto. Só mandei msg para ela porque era bem perto do meu trabalho e ela concordou que eu fosse ver o apartamento tarde da noite, que era o único horário que eu tinha. Sem expectativa nenhuma fui lá! Cheguei no apartamento e era muito legal!!! O quarto era grande, tinha uma janela enorme, cama de casal confortabilíssima, um armário bom e a dona da casa uma gracinha! Fiquei doida querendo morar lá! O aluguel não era tão barato, estava exatamente no preço máximo que eu estava disposta a pagar, pensei em ligar pra Jú para dividir o quarto comigo, mas a dona do apê disse que colocou esse preço justamente para dividir só com uma pessoa! No final da visita ela me disse que outra menina também tinha ido ver o lugar e que ela teria que decidir, me ligaria no outro dia...

    Claro que passei o dia seguinte inteiro olhando para meu celular, me sentindo uma adolescente que espera o cara ligar no dia seguinte. Era sexta-feira, e dependendo da resposta dela eu nem teria que ir para a residência. Precisava de uma notícia até meio dia, mas deu uma da tarde e nada.. É, tava muito bom para ser verdade... Resolvi que eu ia ligar pra ela então, ela não atendeu... De novo me deu aquela vontade de chorar, de volta à estaca zero! Uma coisa que percebi é que sempre que me dá vontade de chorar alguma coisa boa acontece! Hahahaha Quando já tava toda cabisbaixa recebi uma msg dela ‘desculpe, não vi o horário, você parece ser uma ótima roomate, sinta-se bem-vinda para se mudar’. No dia seguinte eu estava de mala e cuia, prontinha para me mudar!

    Cheguei no meu apartamento novo e as coisas foram melhores do que eu esperava, estou morando há uma semana no centro e minha vida já praticamente mudou! Começando pela parte de que agora eu vejo a luz do dia! Hahahah Minha cama é mesmo uma delícia, tenho uma TV no meu quarto, posso fazer tudo a pé, tem um supermercado atravessando a rua (no qual eu vou umas 3 vezes por dia, descobri que eu amo fazer compras...), um McDonald’s  24h (que eu não como, mas é muito legal dizer que tem... hahaha) e eu moro a 2 quadras da praia!!!! Meu apartamento é na  rua gay de Vancouver, em que as paradas de ônibus são cor de rosa e os anúncios geralmente contém fotos de homens se beijando! O astral aqui é ótimo! Na mesma rua tem minha padaria favorita e várias opções de restaurantes até baratinhos.

   Outra sorte que dei foi ter encontrado a minha roomate, uma peruana muito legal. Nos demos bem desde o início, já cozinhamos juntas, saímos para festa e tô até aprendendo espanhol! Espero de verdade ter tirado a sorte grande no quesito moradia, dói a cabeça só de pensar em ter que me mudar! E quem quiser me visitar está convidado, só avisa antes para eu colocar o pão de queijo no forno!

   

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Morando 'na gringa'


    Ter um lugarzinho para chamar de lar... Acho que esse é um dos grandes desafios de quem mora fora! Quando você faz um programa do tipo que eu tô fazendo você tem que estar disposto a encarar certas coisas... Como morar na casa alheia, dividir uma kitinete com 43 pessoas ou morar longe. Apartamento para morar sozinha? Ah, tem sim, se você pagar um milhão de aluguel! ;]  Eu ainda tenho mais um fator agravante, escolhi  a cidade com o aluguel mais caro do Canadá (comprovado por pesquisas! Hahahaha) Mas como a idéia é passar só um ano, a gente encara sem problemas (ou pelo menos tenta né?!) Dificilmente se fica sem casa, mas lar? Ah, esse é raro... Hoje vou contar aqui a minha experiência do que é  lietralmente ‘morar’ fora!

    Quando escolhi o meu programa eu tinha 3 opções: Homestay (você tem um quarto na casa de uma família ‘nativa’ – já explico porque entre aspas – e eles preparam as refeições para você); Residência estudantil ( Quartos compartilhados ou individuais, mas com banheiro e cozinha divididas entre o resto dos estudantes);  Ou alugar o seu próprio apê. Eu me decidi pela primeira opção por diversos motivos.. Era sim a mais cara, porém eu sentia que seria a mais completa e mais segura. Achei que seria bom para entrar em contato com a cultura, bem como ter ajuda para coisas da cidade que eu não fazia idéia de como seriam. Além, é claro, do conforto de ter todas as refeições prontinhas, sem precisar gastar dinheiro ou tempo. Residência estudantil me parecia ser muito bagunçado (e quando cheguei aqui e fui à residência, porque tinham alguns amigos hospedados lá, dei graças a Deus por não ter escolhido essa opção) e escolher um apartamento para alugar estando a mais de 10.000 Km de distância é um pouco complicado né?! E pra ter certeza de que seria a melhor opção ainda fiz questão de pagar um pouquinho a mais para ter um banheiro só pra mim, porque muitas vezes as famílias recebem mais de um estuudante ao mesmo tempo, aí vira bagunça! Hahaha

    Como tudo que a gente compra a distância e sem o test drive tende a ser diferente da nossa expectativa, é óbvio que minha homestay também foi!  Aliás, minha frustração começou ainda no Brasil, quando, uma semana antes de vir pra cá, eu recebi um e-mail com todos os dados da família e algumas fotos da casa! Queria chorar quando vi as fotos do quarto.. Era menor do que uma dependência de empregada que eles colocam nos apartamentos só pra dizer que tem. Só tinha espaço para uma cama (cujo colchão era daqueles que já é afundado no meio, de tão usado) e uma mesinha. Resolvi que ia começar desde lá o meu desapego pelas coisas materiais (sim, essa também era uma das minhas metas no intercâmbio, haha). No anexo dizia que deveríamos mandar um email para a família nos apresentando e contando um pouco de nós antes de ir. Eu, que nem estava ansiosa e quase não gosto de escrever, fiz um email gigante de apresentação e ainda coloquei algumas fotos no anexo, é claro! Como resposta recebi um ‘Fey, looking forward to meet you, have a safe flight.’ Quase chorei... hahaha Achei que nada do que me esperasse aqui seria inferior às minhas expectativas, que a essa altura, estavam lá no chão!

    Chegando aqui eu descobri que as coisas poderiam ser pior do que eu imaginava. A minha primeira impressão foi a pior possível. Cheguei na casa eram 12:30, fui recebida pela mãe, meio sonolenta e sem muito saco para me receber... A impressão que eu tinha é que ela fazia isso toda semana... Estava morrendo de fome e ela me levou direto para a cozinha.. Como já contei no post 'de fome eu não morro' de cara ganhei um donnuts. Comi correndo, louca pra conhecer meu quartinho de empregada. E quando ela abriu a porta do basement, aí sim, eu quis chorar. O primeiro impacto de todos foi o cheiro. Eu quase não sou fresca para cheiros (né mãe?), quando senti aquele odor de cachorro molhado misturado com sei lá o que, quase dei meia volta. Olhei para baixo e era uma escadinha encarpetada, bem íngrime e no meio deuma escuridão, percebi que eu estava mesmo indo morar no porão.Quando cheguei no meu quarto fiquei um pouco aliviada, era do tamanho de 2 quartinhos de empregada! Tinha até um armário, mas a cama era de fato com aquele colchão com buraco no meio. Lutando com todas as minhas forças e lembrando de todas as minhas resoluções de encarar o que viesse no exterior eu resolvi que não daria importância para aquilo. Foi quando ela me apresentou o banheiro e me avisou que tinham mais duas russas e a filha dela que dividiriam aquele banheiro comigo! Aí eu não aguentei! Eu tinha pago mais caro pra ter MEU banheiro pô! Ter uma dependência de empregada vai, mas eu merecia o banheirinho de empregada também!!!! Liguei para a agência NA HORA (cheia de lágrimas nos olhos, como uma criança frustrada) e falei que queria mudar de casa, que aquilo não era o que estava no contrato. Me atendeu uma brasileira (pura coincidência) e me explicou que como cheguei em época de temporada eles estavam sem vaga em casa com banheiro privativo, que conseguiriam só para a outra semana! Quê???? Ficar uma semana naquela casa com cheiro de perro mojado (sou chique, tô aprendendo espanhol também!)??! Paniquei!

    Foi meu primeiro baque, meu primeiro desespero. Olhei para a minha mala e não tinha coragem de abrir e desempacotar. Estava num cansaço sem fim e não conseguia pensar em relaxar naquela cama com buraco no meio. Estava com uma fome do cão e a única coisa que eu tinha para comer seria outro donnut. Estava apertada, mas chegando no banheiro ele estava ocupado. Eu não ia aguentar aquilo por uma semana! Para cooperar com minha sorte eu cheguei num sábado e segunda era feriado, ou seja, ninguém ia esquentar a cabeça para resolver meu problema no feriado. Eu tava presa àquela casa pelo menos até terça. Quase peguei minhas coisas e fui para um hotel, mas eu sou forte e encarei (e também porque eu não fazia idéia de como pegar um táxi ou de onde ficava um hotel! Hahaha). Resolvi colocar meu telefone e notebook pra carregar, porque depois de 18h de viagem não tinha bateria em nenhum dos dois. É óbviooo que a tomada não encaixava em nenhuma tomada. Pronto, declarado, odeio o Canadá! Estava certo, iria passar um ano morando naquele porão e sem contato com a civilização porque não tinha bateria.

    Sou malvada, não pretendia fazer isso, mas também terei que dividir esse post em partes porque começou a ficar muito grande e ainda tem estrada aí pela frente! Então, não se preocupem, amanhã volto com mais um pedacinho da minha história... 

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A saga do meu primeiro emprego no Canadá - Final


    Todo dia que eu chegava na escola estava com cara de ressaca e minhas coleguinhas me perguntavam ‘e aí, aconteceu mais alguma coisa louca ontem?’ Ninguém acreditava que podia acontecer tanta coisa doida comigo de uma só vez! Segunda-feira então era o melhor dia, porque tinha um fim de semana inteiro para contar! Nessa segunda, porém, eu cheguei com mais dúvidas do que histórias..  Perguntava para todo mundo o que eu deveria fazer, e obviamente todo mundo me dizia q era loucura ainda estar trabalhando lá... Mas não sei, acho que deve ser porque eu gosto de desafios... hahahaha

    Quando cheguei em Vancouver, eu achava que tinham pouquíssimos brasileiros aqui, mas com o tempo eu fui vendo que a comunidade brasileira daqui é grande e tende a se juntar... Acabei conhecendo muitos contrrâneos pelas esquinas da cidade... E vou dizer que isso me ajudou bastante... No desespero de não trabalhar sozinha liguei para uma amiga brasileira que namorava outro brasileiro e que conhecia mais um que queria trabalhar.. Expliquei que precisava de um cozinheiro e ela falou q arranjaria um, mas não me deu notícias... Quando cheguei ao pub na segunda, cumprimentei todo mundo e já estava preparando um textinho na cabeça para avisar ao dono que eu não trabalharia mais lá, já que ele não tinha arrumado ninguém... Só que quando eu cheguei o bartender me falou: ‘Fey (eles não conseguem falar Fê por nada nesse mundo, então ganhei esse apelidinho carinhoso que mais parece um nome japonês ou uma abreviação de feia.. hahaha), seu amigo está aqui’ e me apontou um rapaz que estava sentado no bar, mas que eu nunca tinha visto na vida... Logo saquei que era um brasileiro, e que provavelmente tinha sido chamado pela minha amiga, mas não consegui disfarçar e fingir que o conhecia. O dono, que estava bem na frente com o currículo dele na mão, me olhou com cara de espanto e perguntou ‘Peraí, vocês acabaram de se conhecer?’ Não tive como mentir, falei que sim, mas estava tão desesperada para ter alguém para trabalhar comigo que pedi para que o deixasse tentar do mesmo jeito. O dono falou que a decisão era minha, pois agora a cozinha estava nas minhas mãos e o que quer que eu decidisse ele iria acatar...

    Chamei o brasileiro de lado e perguntei se ele já tinha trabalhado em cozinha antes (eu tinha avisado à minha amiga que precisava de alguém com o mínimo de experiência para que eu pudesse treinar o mais rápido possível e pegar uma folga...) Porém, o rapaz só tinha experiência com sapatos... Expliquei para ele tudo o que tinha acontecido até então e deixei bem claro que talvez ele estivesse entrando numa fria, se queria continuar mesmo assim... Ele topou! Eu não sabia exatamente o que estava sentindo naquele momento... Não sabia se me sentia feliz de ser ‘chef’ de uma cozinha, se ficava desesperada ou se me preocupava.... Mas fugir dali naquele momento não era uma opção... A segunda-feira seguiu tranquila e o rapaz me surpreendeu bastante!

    Como eu só podia trabalhar de noite por conta da escola, o dono contratou um ‘chef’ para o turno do almoço.. Um italiano verborrágico, chato e tarado... Teoricamente o Marcos (brasileiro que ia trabalhar comigo) iria treinar com ele durante o dia e ficar comigo à noite para aprender mais rápido, mas no segundo dia ele já veio desesperado falando que não queria trabalhar com esse louco. Montamos uma cozinha brasileira, eu, Marcos e o baiano no dish! Foram dias bem divertidos, montávamos sanduíches e tinhamos permissão para comer o que quiséssemos! A semana seguiu e eu ainda estava à espera de mais um para equipe, pois precisava folgar e o Marcos, mesmo me ajudando muito, não tinha condições de trabalhar sozinho...

    Na quarta-feira o Chris (chef holandês que tinha sumido) me ligou e perguntou se eu ainda estava trabalhando lá... Me pediu desculpas por ter sumido e falou para eu sair de lá o mais rápido possível, pois os cheques que ele recebeu do David eram sem fundo. Ele falou que descobriu mais 5 waiters que também tinham recebido cheques sem fundo e que eles iriam à polícia denunciar o cara... Falou que o que o David fazia era dar pequenas quantias em dinheiro para manter os funcionários felizes por um tempo e dava uma parte maior do salário em cheques sem fundo, que quando iam descontar já estava tarde demais pra recorrer.. Estava me avisando porque provavelmente eu estaria trabalhando de graça... Finalizou dizendo ‘pega a maior parte do que você conseguir em cash e some, senão você vai ficar sem nada!’ Me gelou a espinha, o cara já me devia mais de 500 dólares pelas minhas horas trabalhadas, fora os 400 dólares da despesa do hospital que ele disse que ia pagar porque o meu seguro não quis cobrir... Lembrei de todas as noites mal dormidas, o tempo que eu demorava para chegar em casa todos os dias e todo o cansaço que eu tava sentindo! Isso não sairia de graça de jeito nenhum!

    Ponderei e pensei bem o que poderia fazer para conseguir meu dinheiro! Tava decidido, eu não iria pagar para ver se o cara era pilantra ou não... Mas precisava ganhar pelo menos pelo que já tinha trabalhado! Fui conversar com ele e disse que precisava de dinheiro para pagar o aluguel do novo lugar que eu ia morar. Ele passou duas horas me explicando que teve um problema com a conta bancária dele porque uma garçonete roubou uns cheques e gastou 6.000 dólares dele, então a conta tava suspensa. Abriu a carteira e me deu todo o dinheiro que tinha (100 dólares ¬¬). Falei que eu precisava do dinheiro até sexta, senão não teria como me mudar. Ele me assegurou que daria o que eu precisava, mas que dependia de quanto tivesse em cash no caixa do dia. Avisei que teria que folgar no sábado para fazer minha mudança (sábado era a data limite para sair da casa onde eu estava, mas isso é pano pra outra manga...). Pronto, o plano estava armado... Eu já tinha me convencido que tinha entrado numa fria, então trabalharia até sexta para receber e sumiria... Meu pai fica muito bravo quando uso essa expressão, mas ela se encaixa direitinho aqui, então para amenizar um pouquinho “o que é um punzinho para quem já perdeu o controle do esfíncter?”

    Na quinta-feira cheguei para trabalhar já correndo atrás do meu dinheiro, mas nem encontrei com o cara... Trabalhei agoniada, meu tempo tava passando... Avisei para os meninos que iria embora no sábado e não voltaria mais..  O Marcos desesperou e disse que não trabalharia sem mim de jeito nenhum, inventou que ia voltar para o Brasil, assim o dono tinha que pagar o mais rápido possível para ele... Quando o dono apareceu na sexta fomos conversar com ele e pedimos nosso dinheiro... Ele disse que voltaria no fim da noite e daria tudo que tivesse no caixa para a gente! Me perguntou se eu tinha conta aqui para ele me dar um cheque, na hora eu já respondi que não (é mentira, eu tenho) e falei que precisava em dinheiro... A sexta foi chegando ao fim e já tínhamos combinado que se o cara não pagasse pelo menos a gente ia comer todo o camarão que tinha ali! Hahahaha Graças a Deus ele apareceu com um envelope e me deu ‘tudo’ o que tinha no caixa... 260 dólares... Minha cara foi no chão.. Ele me devia mais de 800 e eu falei para ele que precisava de 600 para pagar o aluguel... Ele me ofereceu ajuda para a mudança no sábado e falou que se eu precisasse de mais dinheiro era só falar com ele que ele iria ver o caixa do dia seguinte...

     Contando assim as coisas parecem ser muito ruins, mas a verdade é que eu tava sentindo um pouco de pena do dono... Ele foi muito bonzinho comigo desde o começo (também pudera, eu salvei a pele dele algumas vezes naquela cozinha...), me trazia milkshake, me pagava taxi para voltar pra casa, e sempre me ofereceu ajuda para o que eu precisava.... Ouvindo o que diziam eu não podia confiar, mas mesmo assim eu fui boba, não tive coragem de pedir demissão na sexta. No sábado liguei para ele e falei que precisava de mais dinheiro... Ele deixou um envelope com a quantia que eu falei que queria... Ele não deu nenhum vacilo comigo, mas era um cara muito enrolado, o sábado chegou ao fim e mesmo sem trabalhar eu estava exausta!! Não conseguia nem pensar na possibilidade de trabalhar no domingo! Decidi que trabalharia, mas já ia avisar que não voltava na segunda...

    Cheguei domingo no pub passando mal. Fui com planos de conversar e pedir minha demissão assim que chegasse, mas ele tava jogando sinuca e eu não quis interromper... Quando me dei conta ele tinha ido embora... E agora, como avisaria? Liguei para ele falando que tava passando muito mal e precisava ir embora... Isso não estava no script... Ele foi ao pub só para levar remédio para mim, mesmo eu repetindo 500 vezes que não precisava... Não vi alternativa, tinha que falar ali, naquela hora... Falei ‘David, eu não venho trabalhar amanhã..’ Ele já estava saindo quando virou assustado e falou ‘O que isso quer dizer? Você tá se demitindo, é isso???’ Não sabia o que falar, me bateu um negócio ruim na hora e eu falei ‘Não sei, talvez...’ Ele ficou nitidamente chateado, virou de costas e falou irônico ‘Thank you, Fey!’ Depois de uma hora, o italiano louco chegou para me substituir e eu fui embora!

    Quando botei o pé na rua eu me sentia aliviada. Não me importava que ainda faltava um dinheiro para me pagar... Foi uma das experiências mais loucas da minha vida, mas valeu cada segundo... Em menos de duas semanas eu trabalhei 80 horas sem folga, tendo aulas pela manhã, cortei meu dedo, conheci 3 ‘chefs’ de nacionalidades diferentes, fui ‘chef’ de um pub, trabalhei sozinha em uma cozinha inventando pratos e lavando louça, fiz amizade com brasileiros muitos legais, tive que tomar decisões completamente sozinha e ainda sobrevivi para contar! Assim termina a saga do meu primeiro emprego aqui! Já estou entregando mais currículos e espero voltar em breve contando a lenda do melhor emprego que alguém pode ter! hahahahahaha

Ps.: Só para arrematar e não me sentir muito culpada eu mandei um e-mail para o dono, pedindo desculpas por ter saído assim. Agradeci a oportunidade de trabalhar lá, toda a ajuda que ele me deu e falei que não poderia continuar porque estava interferindo na minha saúde. Falei que se ele precisasse poderia me ligar e pedi para marcar um dia para pegar o resto do meu dinheiro... Ele obviamente não respondeu! Como nada comigo termina de forma convencional, dois dias depois eu encontrei com ele no supermercado do lado da minha casa (desconfio seriamente que ele pode ser meu vizinho! Hahahaha) Ele tentou disfarçar quando me viu mas não tinha jeito, me cumprimentou meio esquisito e quando eu fui abrir a boca para falar do email e do dinheiro,  ele simplesmente deu dois tapinhas no meu ombro de forma irônica e falou ‘Good Luck!’ É, acho que nunca vou ver a cor desse dinheiro.


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

A saga do meu primeiro emprego no Canadá - Parte 3...


    Todo mundo comemora quando chega sexta-feira... No meu ramo eu aprendi a ter ‘medo’ das sexta-feiras.. Quando vc trabalha num restaurante, o fim de semana costuma ser no mínimo longo.. Rentável, mas cansativo. A sexta-feira após os pontos começou cedo e tinha todo jeito de que ia até tarde! Meu dedo amanheceu latejando e eu tive que encarar uma aula chatíííssima de Business.. Para alegrar um pouco o dia fui com o pessoal numa churrascaria brasileira que tem aqui, mas a picanha mal feita já estava me alertando de como seria o dia... No meio do meu almço recebo um e-mail.. Era o Craig, chef que seria demitido naquele dia. Em uma página e meia de texto ele me falava que tinha pedido demissão porque os cheuqes que o dono tinha dado a ele de pagamento estavam voltando, falou também que outros funcionários estavam a meses sem receber e que ele tinha ido lá hoje pedir demissão.. Mais uma vez eu me perguntava onde estava me metendo... Não sabia se acreditava no que ele falou, pois poderia muito bem ser uma forma de vingança por ter sido demitido... Mas ao mesmo tempo também não queria pagar pra ver e correr o risco de trabalhar de graça... Decidi que iria trabalhar aquele dia e no fim do dia decidiria se continuaria lá ou não...

    Quando cheguei ao restaurante me deparei com a cozinha limpinha e organizada, não entendi nada... Quando entrei veio se apresentando para mim o novo Chef: Chris, o holandês. O cara era muito legal! Logo de cara senti que ele entendia de cozinha, e era exatamente o oposto do antigo chef sujismundo.. Tivemos uma ótima sintonia e trabalhamos super bem durante a noite... Mas ainda tínhamos um problema, dois era um número muito pequeno de pessoas na cozinha, precisávamos de mais gente na equipe, principalmente para lavar a louça!! Voltei pra casa com esperança de um novo começo...

    No sábado convidei um baiano que conheci aqui para trabalhar de dishwasher. Ele falava bem pouco inglês e estava com dificuldade de achar um emprego, então achei que estaria fazendo um favor para o rapaz.. Cheguei no restaurante às 2h e passei o dia todo conversando com o holandês, bolando coisas novas para o cardápio e fazendo planos para melhorar nosso trabalho na cozinha... Ele me levou alguns doces holandeses muuuito diferentes de qualquer coisa que eu já tinha provado e eu fiquei de apresentar uns pratos brasileiros para ele... Montamos a escala da semana e incluimos o baiano para lavar louça... A cozinha finalmente estava indo para frente.. De repente eu tinha sim conseguido meu emprego! ;]

    No domingo eu só iria trabalhar as 5h (até pq no sábado trabalhei de 2h até meia noite). Mas como tudo na minha vida não pode ser simples, é claro que eu fui acordada com um telefonema. Era o David (dono do pub) me ligando desesperado pq o Chef holandês tinha mandado um e-mail avisando que não iria trabalhar mais lá!! SIM, eu estava sozinha na cozinha DE NOVO! O cara me implorou para segurar a cozinha para e prometeu que arranjaria alguém logo! Como era domingo o pub fechava mais cedo e o movimento geralmente era fraquíssimo, então resolvi encarar... Esqueci de comentar que eu tenho essa brilhante característica de não conseguir dizer não para as pessoas e acreditar em tudo o que me dizem, fiquei com pena do cara e fui... Cheguei e nao tinha muita coisa para fazer, eu ia encarar aquilo e com fé em Deus o cara ia arranjar alguém, até porque eu precisava folgar, já estava completando uma semana de trabalho (MUITO INTENSA, diga-se de passagem..) sem um dia sequer de descanso.

    Mas adivinhem só?! Naquele domingo, que era para ser um dia vazio e pacato, me parou um ÔNIBUS de velhinhos na frente do pub! Hahahahahah Era um grupo de quase 20 membros de excursionistas da terceira idade que chegaram para comer AO MESMO TEMPO! Me expliquem, o que velhinhos vão fazer num pub em pleno domingo à noite?! Só podia ser piada com minha cara.. Obviamente, eles não queriam chicken wings e batata frita... Passei a noite preparando massas, camarão ao vinho branco, salmon flat breads e quase morri quando recebi um pedido de ‘all day breakfast’ ( uma porcaria de prato que inventaram aqui, em que eu tenho que fazer batatas coradas, linguiça, tiras de bacon no ponto x, torradas e dois lindos ovos estrelados, que na minha correria estourava o diabo da gema toda vez!). Saí de lá um bagaço e convencida de que não trabalharia mais sozinha naquela cozinha, se segunda não tivesse alguém para trabalhar comigo eu pediria demissão!!

    Antes de terminar o post eu preciso abrir um parênteses para contar um caso que aconteceu no meio da minha correria... Estava preparando um prato, quando entra na cozinha um senhor, cliente assíduo, conhecido por ser um ótimo fornecedor (e consumidor) de certas ervas naturais, se é que vocês me entendem.. hahahaha Ele se aproxima e me diz ‘tá vendo ali naquela porta?! Tem um baby mouse ali!’ Eu não entendendo nada, continuo cortando meus legumes, olho com cara de espanto e ele continua ‘Sabe, ao contrário do que as pessoas pensam, ratos não gostam de queijo, ele gostam de verdura..’ Arregalei mais ainda meus olhos e não conseguia assimilar o que estava acontecendo ali e o que o cara queria me dizer... Estava exatamente cortando um brócolis quando ele disse ‘Brócolis seria ótimo!’ Para me ver livre do papo louco ofereci o brócolis que eu tinha ali. Ele sorriu, e falou ‘não precisa tudo isso, é um baby mouse, tem a boca pequena...’ Pegou um mini raminho e sumiu.. 20 minutos depois volta falando que o rato mandou agradecer e adorou o meu presente.. Aqui no Canadá é assim, todo mundo agradece, até os ratos!!! hahahaha

    Amanhã eu volto com a quarta e última parte dessa saga! Não fiquem aflitos! E não se preocuprem, eu já estou dando risada de tudo o que me aconteceu... 

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

A saga do meu primeiro emprego no Canadá - Parte 2..


    Na quinta-feira eu não tive a aula da tarde e resolvi ir caminhar pela cidade enquanto não dava a hora de trabalhar... Quis dar uma de moça idependente, passei numa livraria (que por sinal virou um dos meus lugares favoritos da cidade), comprei um livro, peguei meu sanduíche e fui para uma ruazinha que tem aqui que não passa carro e eles colocam uns puffs com guarda sol durante o verão... O dia estava muuuito quente, mas eu consegui uma sombrinha e me sentia muito bem ali.. Abri meu sanduíche e dei minha primeira mordida.. Foi aí que chegou um louco (não sei se já expliquei, mas aqui em Vancouver tem muito louco pela rua, mas são loucos mesmo! Pq eles fecharam o manicômio daqui e deixaram todos os loucos na rua pq achavam q seria mais humano..) e perguntou se podia me pedir um favor... Eu olhei com cara de poucos amigos e perguntei o que ele queria... Ele me pediu então pra mudar o meu guarda-sol um pouquinho pro lado.. Eu falei que desde que ele não tirasse a minha sombra tudo bem.. Só que ele simplesmente levou o guarda-sol pro outro lado! E eu fiquei totalmente no sol! Fiquei irritada e falei ‘eeei, eu tava sentada aqui por causa da sombra e você levou minha sombra embora!!!’ Ele então perguntou ‘de onde você é?’ Eu fechei mais ainda a minha cara e falei ‘do Brasil... Me devolve meu guarda sol’ Ele simplesmente foi deitando no puff ao lado (debaixo da sombra do MEU guarda-sol) e falou com tom irônico ‘me conta sobre o Brasil, ouvi falar que é quente lá né?!’ Respirei fundo e me segurei pra não dar um soco na cara dele, foi quando avistei um puff com uma sombrinha logo ao lado... Esse cara não iria estragar meu dia...

    Depois de encontrar meu lugar à sombra eu fui então ligar para o Bernardo (brasileiro com quem eu iria dividir apartamento) pra perguntar se estava confirmada nossa visita ao possível futuro apartamento naquele dia (era aquele apartamento que falei q ficava a 3 passos do pub!)  Foi então que recebi a ótima notícia de que eles tinham achado outro lugar pra ficar e não iriam mais alugar aquele apê... De repente tudo começou a ficar ruim... Meu sanduíche era de atum, e eu não gosto de atum (eu não lembrava disso 5 minutos antes! Hahaha), no meu puff à sombra tinha um menininho q não parava de pular e eu me lembrei que o outro chef seria demitido e fiquei com um frio na barriga enorme de ficar sozinha naquela cozinha... Decidi que eu não queria mais brincar de gente grande! Na hora desapareceu a pose de menina independente, peguei meu telefone e liguei pra minha mãe: ‘MÃÃEEE, QUERO VOLTAR PRA CASAAAAA!!! EU ODEIO ESSE LUGAR!’ Comecei a chorar incontrolavelmente e nem meus óculos escuros disfarçavam mais... O menininho que tava pulando do meu lado parou e ficou olhando pra mim assustadíssimo, chegou até a cutucar a mãe e falar alguma coisa em uma língua complexa demais para uma criança falar (alemão eu acho! Hahaha) Eu queria ir embora, queria uma passagem de avião para aquele dia, queria minha cama, meu conforto, meu emprego de sempre de volta... Minha mãe fez o papel dela e falou que era fase, para eu me acalmar, essas coisas aconteceriam, mas é claro que eu nem dei ouvidos, tava desesperada, empacada e queria ir embora! Desliguei o telefone e resolvi sofrer sozinha, não tenho casa, não tenho amigos (pq todo mundo q eu conheço ta indo embora!!!!), não sei exatamente se tenho um emprego... Vida cruel... Foi quando ouvi uma voz (em inglês)  do meu lado ‘Bom, pelo menos você conseguiu sua sombra.’ Não acreditei que àquela altura tinha alguém falando comigo! Definitivamente não era o momento pra conhecer alguém... Provavelmente meu nariz tava uma bolinha vermelha, meu rosto encharcado e eu não tava com cabeça pra pensar em inglês.. Mas resolvi dar uma chance para o rapaz que só estava querendo ser simpático... No fim das contas conversei com ele por 1h.  O  cara era um russo (vale dizer que ele era lindo!! Hahahaha), de 24 anos, nadador profissional (segundo ele, amigo do César Cielo), que não pôde ir pras olimpíadas de Londres pq machucou o joelho 3 meses antes! Estava perdido pq nadar era tudo pra ele e até então ele ainda não tinha um plano B pra vida... No fim da história eu percebi que ele tava mais em apuros que eu... Me senti mal por estar pensando tudo aquilo e que minha situação não era tão ruim assim... O cara surgiu do nada, me contou a vida dele todaaa (sério, ele contou TUDO... hahahahah) e foi embora... Parece que ele tava ali só pra me mostrar que talvez eu estivesse sofrendo por pouco...

    Levantei um pouco meu astral e fui trabalhar... Encontrei com o chef e tive que agir como se eu não soubesse que ele seria demitido... Ele falava dos planos que ele tava fazendo pro restaurante e como aquela cozinha ia ficar boa agora que eu tava lá.... Foi chegando o fim da tarde  e o pub foi enchendo. Eram 6h e já estava mais cheio do que nos outros dias... Daí o chef simplesmente falou que tinha que ir embora resolver umas coisas e me largou sozinha! Eram 7h da noite e tinham pelo menos umas 7 mesas sentadas... O dono tinha colocado o pub numa promoção do Groupon, em que as pessoas chegavam com um cupom para aperitivo, prato principal e sobremesa, e a maioria das mesas estava com esse cupom... Começou a não parar de chegar pedidos! Teve uma hora que eu olhei e tinham oito comandas, cada uma com pelo menos 2 pratos, e eu sozinhaaa!! A cozinha tava uma zona e eu tive plena certeza de que iria enlouquecer! Queria sair correndo!!! De repente o dono chegou e entrou na cozinha pra me ‘ajudar’, o problema é que ele não sabia o que era uma panela!!! Ele não entendia NADA de cozinha, e ter q explicar as coisas pra ele tava mais me atrapalhando do que ajudando... Estava então preparando um carbonara e fui cortar o bacon. Demonstrei todo o meu talento com a faca e o dono ficou impressionado... Ele parou, ficou me olhando e falou ‘Nossa, você é muito boa!’ exatos 5 segundos depois a tábua tava vermelha e meu dedo espirrava sangue para todos os lados. Eu olhei pra ele toda sem graça e disse: ‘Acho que não sou tão boa assim né?!’ O cara congelou, não sabia o que fazer, olhava para todos os lados e não entendia como aquilo poderia estar acontecendo com ele! Seria cômico se não fosse trágico! Hahahaha Meu dedo não parava de sangrar, colocava um pano e o pano encharcava, tentei colocar o band-aid e ele não grudava, enfiei uma luva e continuei trabalhando... Ele perguntou se eu queria ir no hospital e eu falei que sim, ele foi embora e falou q voltava em uma hora pra me levar pro hospital!! Milagrosamente eu terminei todas as comandas, sozinha e com uma mão só! E a noite terminou no hospital, depois de 2h de espera, 4 pontos no dedo e uma conta de 400 dólares em despesas médicas! Eu juro que eu tô tentando entender o significado de tudo o que tá acontecendo comigo aqui.. Eu sei que não é fácil, eu sei que coisas acontecem. Mas sério, às vezes parece que tudo acontece comigo! No mínimo é para que eu tenha histórias para contar! ;D

Ps.: Esse é só o segundo capítulo dessa história... 

terça-feira, 18 de setembro de 2012

A saga do meu primeiro emprego no Canadá - Parte 1


    Estava aqui tentando fzr um vídeo pq esse post vai ser graaande, então não queria cansar ng! Mas minha capacidade limitada de lidar com tecnologia me impediu de fazê-lo, meu computador se recusa a reconher minha voz! ;/ Decidi que para não ficar cansativo e para instigá-los a ler o meu blog eu dividirei em capítulos!
Começarei aqui então uma semana de muita história pra contar! A primeira das novidades é que não sou mais desempregada! Aee!! Porém ainda continuo sem meu próprio teto! Hahaha Tudo bem, uma coisa de cada vez né?!

    Tivemos um feriado essa segunda-feira, e eu estava cheia de planos para curtir o fim de semana, só q no sábado uma enxaqueca me atacou e a balada do fim de semana (e feriado) inteiros foram no El Dredon, no meu porão particular.. Vou dizer que não foi o melhor fim de semana de todos não. Esse tempo ocioso me fez pensar bastante e aumentou minha ansiedade... Começou a bater o desespero e encher minha cabeça de ‘e se’. De repente tudo pareceu ruim, não tenho emprego, não achei apartamento, tô gorda... Foi a primeira vez que eu chorei e quis ir embora!! No ápice do meu desespero meu telefone tocou... Era um brasileiro com quem eu tinha falado uma vez no facebook e tinha acabado de chegar em Vancouver. Ele tava me chamando para dividir apartamento com ele e mais 2 num prédio mto bom que eu já tinha visto antes... 5 minutos depois eu recebi um email de um pub que eu tinha mandado um currículo e estavam querendo marcar uma entrevista comigo! Coincidência ou não esse pub fica a 3 PASSOS do apartamento!!! Só podia ser um sinal! Hahaha Um pouco mais animada marquei a entrevista para o dia seguinte e o apartamento para quinta, assim saberia se tinha conseguido o emprego ou não...

    Terça-feira acordei ainda um pouco baqueada mas cheia de esperança de mudanças... Fui para a aula mas não parava de pensar na entrevista. Que emoção, como eu deveria me portar? O que eu deveria falar? Será que meu inglês ia me deixar na mão?! Às 2:30 cheguei no tal pub e logo percebi q todas as minhas preocupações eram vãs... Me receberam o dono e o ‘chef’. Cada um merece uma descrição detalhada... O dono (vou chamar aqui de David) é um cara mais velho, meio excêntrico, com cara e jeito de fazendeiro, desses que tem muito dinheiro mas não tem nenhuma noção de como gerenciar um negócio.... O ‘chef’ (vou chamar de Craig) é um personagem típico de besteirol americano, gordo, cheio de espinhas, óculos grossos, calça sempre aparecendo o cofre, tudo isso somado a um avental imundo. Me perguntaram que horas eu poderia trabalhar, me mostraram o cardápio e perguntaram logo quando eu poderia começar (a “entrevista” durou menos de 10 minutos..)  Respondi que começaria quando eles quisessem, e em seguida ouvi um ‘então vamos começar agora?’ Nesse dia eu entrei no pub às 14:30 e saí às 22:00!

     Quando entrei na cozinha quase dei meia volta! Que lugar imundo!!! Tinha um monte de mosquinha, o chão nojento, o óleo da fritadeira eu não faço idéia de quando foi a última vez que foi trocado, dentro da geladeira umas carnes que eu não conseguia identificar... Sem contar com a pilha de pratos sujos na pia que ele me informou que teríamos que lavar depois... A primeira coisa que o chef me falou foi ‘você pode comer o que você quiser aqui viu?! Fique À vontade...’ e eu logo pensei ‘claro, se eu tiver coragem!’ A noite seguiu com ele me explicando como se faz hamburguer, batata frita e massas! Sim, é um pub que vende desde chicken wings à camarão ao vinho branco... Fim de noite eu acabei até gostando... Não tinha muito movimento no pub, parecia que seria um emprego tranquilo... No final eu perguntei ‘Então, somos quantos na equipe da cozinha?’ e ele falou ‘Ué, eu e você!’ Quase caí pra trás! O cara me explicou que os outros dois que trabalhavam lá tinham sumido e ele estava sozinho desde então, trabalhando no almoço e jantar todos os dias.. Foi aí que comecei a ficar tensa...

    No dia seguinte cheguei para trabalhar,  animadinha até...  Mas quando entrei na cozinha não achei ninguém! O dono apareceu e disse que o chef tinha faltado. Disse que ele tinha ligado falando que invadiram a casa dele e roubaram um monte de coisas, então ele talvez fosse mais tarde... Mas logo depois de me contar isso ele acrescentou que demitiria o cara no dia seguinte! As coisas começaram a não fazer sentido... Peraí, eu entrei ontem, o cara vai demitir o chef amanhã, não tem mais ninguém na equipe, vai sobrar pra mim? É isso mesmo?? Comecei a pensar que talvez estivesse entrando numa canoa furada... Mas beleza, vou tentar do mesmo jeito... Tô aqui pra isso, as coisas não podem ser tão ruins assim né?! Acabei trabalhando sozinha e a primeira coisa que eu fiz foi limpar a cozinha de cima a baixo.  Assim como segunda-feira, não teve muito movimento,  então eu dei conta de tudo sozinha! Foi muuuuito legal!  Fora um pequeno fato de que eu não sabia ainda todos os pratos do cardápio, mas o dono me deu carta branca pra fazer o que eu quisesse, então os pratos que eu não sabia eu simplesmente inventava! Hahaha E num é que ainda tiveram clientes que elogiaram?! Saí do trabalho feliz e contente, mas ainda com uma pulga atrás da orelha...

Ps.: Volto amanhã com mais um pedaço da história... 

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Fim do verao!!

    Hoje o dia amanheceu cinza e os termômetros acusavam 18°C. É o verão se despedindo, e
com ele vai a minha euforia do primeiro mês ( e todo o meu dinheiro! Ahahahah). Acho que
eu posso dizer que esse foi o mês mais intenso e incrível da minha vida ! Em menos de 30 dias eu tive oportunidade de viver coisas que eu sinceramente não imaginava... Fiz minha primeira viagem de avião longa e totalmente sozinha (pra quem me conhece bem sabe que isso é um passo MUITO grande pra mim!), conheci gente de literalmente todo canto do mundo, vi lugares e paisagens estonteantes, “participei” de uma zombie parade, fui ao cinema em inglês, vi baleias e golfinhos, fui aos EUA fazer compras, andei de bicicleta no parque mais lindo que eu já vi, comi comidas de todos os lugares, tomei o famoso café aguado da Starbucks, fui à gravação do filme 3D do Metallica e tirei muitas fotos de tudo isso! Também tive meu iPhone roubado, senti medo quando estava sozinha na parada e apareceram uns doidos, fui barrada na boate, morei (e ainda moro) no “porão”, engordei uns 2 kilos (apesar de ter andado nesse mês mais do que já andei em toda a minha vida! Hahaha), descobri o que é sentir saudade, passei mal e comecei a descobrir o que é ser gente grande...
    Nessa última semana não tive muito tempo para escrever aqui porque estava ocupada vivendo tudo isso... Porém tive bastante tempo sozinha e os longos caminhos no ônibus pela manhã me levaram a devanear à beça! Estou começando a ter uma rotina aqui... Acordar 6:30 toda manhã já não é tão simples como estava sendo inicialmente e ir pra aula e ter homework todo dia me faz lembrar os tempos de escola... Com a rotina chegam as responsabilidades.... Já tirei minha ID, meu SIN (Social Insurance Number), abri uma conta no banco e começo a me sentir parte do povo! Hahaha Agora chegou aquele momento de colocar os pés no chão e ver que minhas ‘férias’ acabaram... Passei a última semana entregando currículos e procurando apartamentos para alugar. O choque de realidade é muito grande, os apartamentos quando não são caros são longe e a espera de uma resposta de emprego é agoniante. Mas mesmo assim eu não deixo de ver ‘the bright side of the things’ e estou vendo que é agora que tenho que agarrar a oportunidade de crescer... De colocar tudo no papel e tomar minhas decisões sozinha!
    Por enquanto são dedos cruzados para um bom emprego e cabeça erguida pra continuar
perseguindo meus sonhos! Peço desculpas pela demora para postar e esse post acabou sendo
mais um desabafo do que está acontecendo por aqui! Espero que no próximo eu já esteja
contando do meu emprego e apartamentos novos!!