Translate

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

De mãos dadas com a vida - What about life meaning?!


     Eu sempre tive um problema com horários (assim como metade da população brasileira tem! Hahaha). Estar atrasada para as coisas já é rotina, e agora é ainda pior. Além de estar em um país que não admite atrasos, eu tenho que administrar essa minha tendência com o horário do ônibus, que eu acabo sempre perdendo! LEntão, para evitar problemas futuros, eu decidi que daqui em diante vou chegar no trabaho meia hora antes. Bom, 30 minutos de nada pra fazer no local de trabalho parece meio torturante, por isso eu resolvi comprar um livro pra ler antes de cada turno.  Odeio sinopses, tanto de filme quanto de livros, acho que acabam por estragar o mistério. Logo, eu só descubro do que se trata quando começo a ler. Meu novo livro já começou mal. Eu o escolhi pelo autor, já li alguns livros dele e adorei, mas logo na primeira página pude perceber que se tratava de um livro triste. Trata-se de um cara já nos seus setenta e poucos, que descobre que tem uma doença fatal e começa a pensar no sentido da vida. Não que eu não goste de ler sobre o sentindo da vida, esse tipo de livro geralmente é profundo e nos leva a pensar. Mas não é exatamente o que eu estava planejando pensar por agora. A primeira coisa que me veio na cabeça foi ‘que péssimo ‘timing’ para esse livro!’.  O problema é que eu me impression muito fácil com as coisas. Se leio uma história de amor fico com vontade de me apaixonar, comédias me fazem querer sair pra me divertir e histórias de câncer me deixam apavorada, com medo de ficar doente ou ter alguém com câncer na família. Então, eu não queria começar a pensar sobre a morte na época em que me sinto mais viva do que nunca!

     Eu estava sentada, tomando um café e lendo meu livro quando um senhor veio falar comigo, como se nem percebesse que eu estava lendo alguma coisa ali. Ele veio com um sorriso aberto e falou ‘A melhor coisa de estar no fundo do poço é que não se tem pra onde ir senão pra cima!’. Continuou falando sobre estar triste ou coisas do tipo, quando de repente parou, olhou pra mim e disse ‘bom, você não parece alguém que esteja deprimida.’( Acertou em cheio senhor, estou longe da depressão.) Apenas meneei a cabeça e ele me falou que era o sortudo da família. ‘Meu pai era fumante e morreu de cancer no pulmão, eu não fumo. Minha mãe era alcóolatra e acabou com cirrose, ainda bem que eu não bebo. Meu irmão morreu num acidente de carro, o que nunca vai acontecer comigo porque eu não dirijo. Então ele me disse que era o mais ‘em forma’ da família, listou e descreveu todos eles (os que ainda estão vivos). Me mostrou sua bicicleta e todos os aparatos de proteção que tinha para pedalar (incluindo o capacete mais hi-tech que eu já vi, colete que brilha, lanterna dianteira, traseira, rasteira e o que mais existia no mundo em termos de segurança). Foi aí que ele percebeu que eu era uma estrangeira e tinha uma expressão de ‘Não tô entendendo nada do que vc tá falando’ e decidiu ir embora. Vestiu o melhor sorriso, me desejou toda a sorte do mundo e foi embora.

      Meu inglês não é tão bom, por isso não entendi absolutamente tudo o que ele falou. Porém pude lê-lo claramente e tirar uma grande lição de tudo isso. Eu percebi que esse homem amava a vida, o que o fez ter muito medo da morte. Contudo, esse medo o levou à depressão e a vida não é tão boa para os deprimidos. Então, qual é a razão para se proteger da morte?! Viver pela metade não basta, pois sempre terá algo para se arrepender, algo que você gostaria de ter usufruído mais para a vida ter valido a pena. A verdade é que a morte é inevitável e está em qualquer lugar. É tolice tentar se proteger dela. O que podemos fazer é dar o máximo para termos uma vida agradável. Evitar cigarros para não ter câncer de pulmão é válido, não porque o câncer pode te matar, mas porque a vida torna-se muito dolorosa e não vale a pena os maços que foram consumidos. Não beber em excesso para não se tornar um alcóolotra, pois não há nada pior do que viver dependente de algo químico. Não dirigir é uma opção, não para evitar acidentes, mas para ser mais saudável. Afinal de contas, acidentes podem acontecer com carros, bicicletas ou até mesmo em casa (o lugar que geralmente consideramos o mais seguro no mundo). Sim, eu comecei a ler um livro sobre a morte, e nunca havia dado tão pouca atenção à ela como agora. A vida também é um ponto de vista, e é tudo o que tenho. Portanto,  no que depender de mim, farei com que seja sempre a melhor possível! J




     I’ve always had a problem with timing (just like most of Brazilians do). Being late for things is certainly a routine for me, and now is even worse because I have to manage the bus schedule with mine. To avoid getting in trouble I decided to go to work half hour earlier from now on, and to spend that time before my shift I just bought a book. I hate reading synopses, either of books or movies; they ruin the mystery of it. So, I only find out what the content is when I start to read it. My new book started in a bad way; I’ve chosen it because I already knew the author and loved his books. But I could see already in the first page that it was a sad book. As cliché as it could be, it is about an old man that discovers a bad disease and start to appreciate life. Not that I don’t like stories about life meaning, they are usually deep and make you think about it, but it’s not what I was expecting for now. My first thought was ‘What a bad time for this kind of book’. The thing is that I get easily impressed with everything. If I read love stories I feel like falling in love, comedies make me want to have fun, cancer stories let me worried about being sick, or even worse, have someone sick in the family. So, I didn’t want to start to think about death at this moment of my life, that I feel more alive than ever.

     I was sitting by myself drinking my coffee and just starting to read the book when an old guy started to talk to me; as if he didn’t care I was reading something. He came with a happy expression in his face and said “the best thing about being at the bottom is there’s nowhere to go, but up!” and kept talking about being sad or something like this when he suddenly stopped, looked at me and said ‘well, you don’t look like someone who is depressed’. You’re damn right Sir, I’m not depressed at all. He told me that he is the lucky one on his family “my father was a smoker and died with lungs cancer, I don’t smoke. My mom was an alcoholic and died with cirrhosis, thank God I don’t drink. My brother died in a car accident, and will never happen to me, because I don’t drive.” Then he just told me that he was the one in best shape on his family, made a list of everybody and described them all! Showed me his bicycle and every protection he had for riding, and when he realized that I was a foreign and had a ‘what-are-you-talking-about?’ expression on my face he decided to leave. Dressed his best smile, wished me the best luck in life and left.

      My English is not that good, so I couldn’t understand everything he said, but I could clearly get his point and it was a good lesson for me. I realized that this guy loved life, which made him so afraid of dying, but this fear made him depressed and life is not that good for depressed people. So what’s the point protecting ourselves from death?! Half living is not enough, there will be always something for you to regret, something you wish you have lived to make dying worth it. The thing is death is everywhere, nobody can avoid it, and it’s pointless to try to scape anyhow. What we could do is just make sure we have a pleasant life. Avoid cigarettes for not having lungs cancer, I agree, but not because you can die of cancer, but because it’s too painful and isn’t worth it. Not drinking for not become an alcoholic, sure, that is nothing worse than depending on some chemical. Not driving is an option, not only to avoid accidents, but for being healthy. By the way, accidents can happen anyway, either in your car, on bicycle or at home (what we usually think is about the safest place in the world). Yes, I started to read a book about death and I couldn’t care less.  Life is also a point of view, and it’s all that I have, so I’ll make sure it’s always the best. J




2 comentários:

  1. Fê,esta crônica me remeteu ao "A Vida é Bela" do Roberto Benigni... e vou além, ela fica mais bela ainda quando relatada por você... a sua narrativa flui cada vez mais segura e aborda os dramas da vida com singeleza, criatividade e alegria quase comédia... para mim, isso é lindo!
    beijão do paizão

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Paizinho, se eu tiver sempre vc como meu leitor eu não preciso de mais nada!!! Cada dia me instigas mais a escrever! ;D Te amo! Beijão!

      Excluir