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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Morando 'na gringa'


    Ter um lugarzinho para chamar de lar... Acho que esse é um dos grandes desafios de quem mora fora! Quando você faz um programa do tipo que eu tô fazendo você tem que estar disposto a encarar certas coisas... Como morar na casa alheia, dividir uma kitinete com 43 pessoas ou morar longe. Apartamento para morar sozinha? Ah, tem sim, se você pagar um milhão de aluguel! ;]  Eu ainda tenho mais um fator agravante, escolhi  a cidade com o aluguel mais caro do Canadá (comprovado por pesquisas! Hahahaha) Mas como a idéia é passar só um ano, a gente encara sem problemas (ou pelo menos tenta né?!) Dificilmente se fica sem casa, mas lar? Ah, esse é raro... Hoje vou contar aqui a minha experiência do que é  lietralmente ‘morar’ fora!

    Quando escolhi o meu programa eu tinha 3 opções: Homestay (você tem um quarto na casa de uma família ‘nativa’ – já explico porque entre aspas – e eles preparam as refeições para você); Residência estudantil ( Quartos compartilhados ou individuais, mas com banheiro e cozinha divididas entre o resto dos estudantes);  Ou alugar o seu próprio apê. Eu me decidi pela primeira opção por diversos motivos.. Era sim a mais cara, porém eu sentia que seria a mais completa e mais segura. Achei que seria bom para entrar em contato com a cultura, bem como ter ajuda para coisas da cidade que eu não fazia idéia de como seriam. Além, é claro, do conforto de ter todas as refeições prontinhas, sem precisar gastar dinheiro ou tempo. Residência estudantil me parecia ser muito bagunçado (e quando cheguei aqui e fui à residência, porque tinham alguns amigos hospedados lá, dei graças a Deus por não ter escolhido essa opção) e escolher um apartamento para alugar estando a mais de 10.000 Km de distância é um pouco complicado né?! E pra ter certeza de que seria a melhor opção ainda fiz questão de pagar um pouquinho a mais para ter um banheiro só pra mim, porque muitas vezes as famílias recebem mais de um estuudante ao mesmo tempo, aí vira bagunça! Hahaha

    Como tudo que a gente compra a distância e sem o test drive tende a ser diferente da nossa expectativa, é óbvio que minha homestay também foi!  Aliás, minha frustração começou ainda no Brasil, quando, uma semana antes de vir pra cá, eu recebi um e-mail com todos os dados da família e algumas fotos da casa! Queria chorar quando vi as fotos do quarto.. Era menor do que uma dependência de empregada que eles colocam nos apartamentos só pra dizer que tem. Só tinha espaço para uma cama (cujo colchão era daqueles que já é afundado no meio, de tão usado) e uma mesinha. Resolvi que ia começar desde lá o meu desapego pelas coisas materiais (sim, essa também era uma das minhas metas no intercâmbio, haha). No anexo dizia que deveríamos mandar um email para a família nos apresentando e contando um pouco de nós antes de ir. Eu, que nem estava ansiosa e quase não gosto de escrever, fiz um email gigante de apresentação e ainda coloquei algumas fotos no anexo, é claro! Como resposta recebi um ‘Fey, looking forward to meet you, have a safe flight.’ Quase chorei... hahaha Achei que nada do que me esperasse aqui seria inferior às minhas expectativas, que a essa altura, estavam lá no chão!

    Chegando aqui eu descobri que as coisas poderiam ser pior do que eu imaginava. A minha primeira impressão foi a pior possível. Cheguei na casa eram 12:30, fui recebida pela mãe, meio sonolenta e sem muito saco para me receber... A impressão que eu tinha é que ela fazia isso toda semana... Estava morrendo de fome e ela me levou direto para a cozinha.. Como já contei no post 'de fome eu não morro' de cara ganhei um donnuts. Comi correndo, louca pra conhecer meu quartinho de empregada. E quando ela abriu a porta do basement, aí sim, eu quis chorar. O primeiro impacto de todos foi o cheiro. Eu quase não sou fresca para cheiros (né mãe?), quando senti aquele odor de cachorro molhado misturado com sei lá o que, quase dei meia volta. Olhei para baixo e era uma escadinha encarpetada, bem íngrime e no meio deuma escuridão, percebi que eu estava mesmo indo morar no porão.Quando cheguei no meu quarto fiquei um pouco aliviada, era do tamanho de 2 quartinhos de empregada! Tinha até um armário, mas a cama era de fato com aquele colchão com buraco no meio. Lutando com todas as minhas forças e lembrando de todas as minhas resoluções de encarar o que viesse no exterior eu resolvi que não daria importância para aquilo. Foi quando ela me apresentou o banheiro e me avisou que tinham mais duas russas e a filha dela que dividiriam aquele banheiro comigo! Aí eu não aguentei! Eu tinha pago mais caro pra ter MEU banheiro pô! Ter uma dependência de empregada vai, mas eu merecia o banheirinho de empregada também!!!! Liguei para a agência NA HORA (cheia de lágrimas nos olhos, como uma criança frustrada) e falei que queria mudar de casa, que aquilo não era o que estava no contrato. Me atendeu uma brasileira (pura coincidência) e me explicou que como cheguei em época de temporada eles estavam sem vaga em casa com banheiro privativo, que conseguiriam só para a outra semana! Quê???? Ficar uma semana naquela casa com cheiro de perro mojado (sou chique, tô aprendendo espanhol também!)??! Paniquei!

    Foi meu primeiro baque, meu primeiro desespero. Olhei para a minha mala e não tinha coragem de abrir e desempacotar. Estava num cansaço sem fim e não conseguia pensar em relaxar naquela cama com buraco no meio. Estava com uma fome do cão e a única coisa que eu tinha para comer seria outro donnut. Estava apertada, mas chegando no banheiro ele estava ocupado. Eu não ia aguentar aquilo por uma semana! Para cooperar com minha sorte eu cheguei num sábado e segunda era feriado, ou seja, ninguém ia esquentar a cabeça para resolver meu problema no feriado. Eu tava presa àquela casa pelo menos até terça. Quase peguei minhas coisas e fui para um hotel, mas eu sou forte e encarei (e também porque eu não fazia idéia de como pegar um táxi ou de onde ficava um hotel! Hahaha). Resolvi colocar meu telefone e notebook pra carregar, porque depois de 18h de viagem não tinha bateria em nenhum dos dois. É óbviooo que a tomada não encaixava em nenhuma tomada. Pronto, declarado, odeio o Canadá! Estava certo, iria passar um ano morando naquele porão e sem contato com a civilização porque não tinha bateria.

    Sou malvada, não pretendia fazer isso, mas também terei que dividir esse post em partes porque começou a ficar muito grande e ainda tem estrada aí pela frente! Então, não se preocupem, amanhã volto com mais um pedacinho da minha história... 

7 comentários:

  1. malvada mesmo ¬¬°

    Volto amanhã então...=D~~

    Bjo Fêzoca!

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    Respostas
    1. hahahah juro que achei que esse ia caber num post so Laizoca.... Mas num deu... Acho q cabe em mais unzinho so!! Volte amanha, vou tentar fazer valer a pena! ;]

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  2. Isso tá muito melhor que novela das 8 !!!! Continue...

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  3. Está cada dia melhor. Cada post da mais vontade de ler o próximo... Se é trágico ou cômico eu não sei, só sei que está muito bom acompanhar...

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